"5 séculos
de abandono
e retardado progresso.
Apesar de tudo
Portugal presente em nós
nos nossos males
nas nossas queixas e súplicas
nas nossas esperanças
nos nossos anseios.
5 séculos
nem eco
na nossa felicidade.
Apesar de tudo
Portugal presente em nós
pela bondade e ternura
que nos ensinou
pela civilização
que nos deu
pelo sangue
fala
arrogância
valentia
virtudes e defeitos
que nos legou
pelos distantes rumos
da navegação e da aventura
que nos apontou
e porque fez de nós
humanos
e variáveis criaturas
cordiais e brandas no convívio
no amor violentas
e volúveis
5 séculos
não perdemos
a fé e o optimismo.
Apesar de tudo
Portugal presente em nós
no fundo reflectido
do espelho que nos deu
para nos migrarmos
à sua imagem
(na outra face
que o tempo
vai aos poucos embaciando
África ainda
por nós acenando).
5 séculos
haverá discursos
estrondos
de bombas e foguetes
fogos de artifício
bolo aos pobres.
5 séculos
e outros
outros depois.
Apesar de tudo
Portugal presente
nas nossas almas"
melancòlicamente
eternamente
Ilha do Sal
Julho/Agosto de 1959, Jorge Barbosa
quinta-feira, julho 05, 2007
Desespero
Será cabeça que perdeu tino?
Dize meu irmão
Mamã tem saudade
Irmão tens lembraça desta morna:
"Mar é morada de saudade..."
Meu irmão
tu és só?
Irmão manda um telegrama
um grito, grita irmão
berra e chora nos nossos horizontes
tens de cumprir a tua sina?
tu és só?
Olha o céu
em cada estrela
a luz trespassa nossos pensamentos
"Somos cinco"
Irmão e filho
abre a tua janela
O amor é tua dedicação
o mundo risonho, redondo e pequeno
meu irmão...
João Mariano
Dize meu irmão
Mamã tem saudade
Irmão tens lembraça desta morna:
"Mar é morada de saudade..."
Meu irmão
tu és só?
Irmão manda um telegrama
um grito, grita irmão
berra e chora nos nossos horizontes
tens de cumprir a tua sina?
tu és só?
Olha o céu
em cada estrela
a luz trespassa nossos pensamentos
"Somos cinco"
Irmão e filho
abre a tua janela
O amor é tua dedicação
o mundo risonho, redondo e pequeno
meu irmão...
João Mariano
quinta-feira, junho 28, 2007
A Mesa
A mesa do pequeno almoço
tinha o açucareiro
as migalhas de pão espalhadas
e a caneca de café
A mesa, em aparente desalinho,
quando ela apareceu
Meigamente sentou-se
doce no olhar
saborosa nas palavras
seus lábios reflectiam
os olhos que a elegeram
Era a mesa do pequeno almoço
e nas migalhas de pão
seu olhar partiu, navegou na família
Ela chegou só, só não
porque na partida
o mar e o sol ficaram marcados naquela mesa
pequeno rectângulo de curvas rectílineas
que hoje penso
como se um relâmpago fosse
no amanhecer de um dia de verão.
João Mariano
tinha o açucareiro
as migalhas de pão espalhadas
e a caneca de café
A mesa, em aparente desalinho,
quando ela apareceu
Meigamente sentou-se
doce no olhar
saborosa nas palavras
seus lábios reflectiam
os olhos que a elegeram
Era a mesa do pequeno almoço
e nas migalhas de pão
seu olhar partiu, navegou na família
Ela chegou só, só não
porque na partida
o mar e o sol ficaram marcados naquela mesa
pequeno rectângulo de curvas rectílineas
que hoje penso
como se um relâmpago fosse
no amanhecer de um dia de verão.
João Mariano
quarta-feira, junho 20, 2007
O sol já tinha surgido
O sol já tinha surgido
mas as sombras da montanha
expandiam-se surrateiramente
Depois
veio o silêncio...
O silêncio denso, opaco e sem remédio...
E se na dor
plantada pelo vento
as tuas mãos marcadas pelo sofrimento
desbravam destinos quase incertos
na clara luz do teu pensamentamento
um ser em construção
renasce da morte já exangue.
João Mariano
mas as sombras da montanha
expandiam-se surrateiramente
Depois
veio o silêncio...
O silêncio denso, opaco e sem remédio...
E se na dor
plantada pelo vento
as tuas mãos marcadas pelo sofrimento
desbravam destinos quase incertos
na clara luz do teu pensamentamento
um ser em construção
renasce da morte já exangue.
João Mariano
sábado, maio 19, 2007
Quando as ondas não choram
Se tem chuva
a gente não vota
Se tem sol
a gente também não paga nadinha
Se não há votação
a gente não reclama
Se tem gente no poleiro
a gente brada, a gente queixa-se
Se não tem gente no galinheiro
a gente súplica em voz alta da merda no poleiro
Afinal, o mar terá que galgar o passeio público?
Qual será a explicação da gente?
Clamar pela agente da polícia?
Hoje, como diz meu irmão
a gente não vota
Se tem sol
a gente também não paga nadinha
Se não há votação
a gente não reclama
Se tem gente no poleiro
a gente brada, a gente queixa-se
Se não tem gente no galinheiro
a gente súplica em voz alta da merda no poleiro
Afinal, o mar terá que galgar o passeio público?
Qual será a explicação da gente?
Clamar pela agente da polícia?
Hoje, como diz meu irmão
sexta-feira, maio 11, 2007
Entrevista ao jornal " O GLOBO"
Entrevista dada ao Jornal O GLOBO por "Marcola", o líder do PCC, Colunista: Ronaldo Jabor
Nota: Marcola é o chefe dos favelados que puseram S. Paulo a ferro e fogo.
- "Você é do PCC?"
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias. A solução que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...
- Mas... A solução seria...
- Solução? Não há mais solução, cara... A própria ideia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento económico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até Conference Calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.
- Vocês não têm medo de morrer?
- Você é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.
- O que mudou nas periferias?
- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... Ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.
- Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atómica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioactiva?
- Mas... não haveria solução?
- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!" -Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno. "
ATENTEM BEM NA ARREPIANTE LUCIDEZ DESTE HOMEM!!! Entrevista dada ao Jornal O GLOBO por "Marcola", o líder do PCC, Colunista: Ronaldo Jabor
NOTA: Marcola é o chefe dos "gangs" brasileiros que puseram S. Paulo a ferro e fogo.
- "Você é do PCC?"
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias. A solução que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...
- Mas... A solução seria...
- Solução? Não há mais solução, cara... A própria ideia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento económico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até Conference Calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.
- Vocês não têm medo de morrer?
- Você é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.
- O que mudou nas periferias?
- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... Ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.
- Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atómica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioactiva?
- Mas... não haveria solução?
- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!" -Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno. "
Nota: Marcola é o chefe dos favelados que puseram S. Paulo a ferro e fogo.
- "Você é do PCC?"
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias. A solução que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...
- Mas... A solução seria...
- Solução? Não há mais solução, cara... A própria ideia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento económico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até Conference Calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.
- Vocês não têm medo de morrer?
- Você é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.
- O que mudou nas periferias?
- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... Ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.
- Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atómica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioactiva?
- Mas... não haveria solução?
- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!" -Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno. "
ATENTEM BEM NA ARREPIANTE LUCIDEZ DESTE HOMEM!!! Entrevista dada ao Jornal O GLOBO por "Marcola", o líder do PCC, Colunista: Ronaldo Jabor
NOTA: Marcola é o chefe dos "gangs" brasileiros que puseram S. Paulo a ferro e fogo.
- "Você é do PCC?"
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias. A solução que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão...
- Mas... A solução seria...
- Solução? Não há mais solução, cara... A própria ideia de "solução" já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento económico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma "tirania esclarecida", que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC...) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até Conference Calls entre presídios...) E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.
- Vocês não têm medo de morrer?
- Você é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar... Mas eu posso mandar matar vocês lá fora... Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba... Estamos no centro do Insolúvel, mesmo... Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração... A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala... Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em "seja marginal, seja herói"? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha... Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante... Mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem. Vocês não ouvem as gravações feitas "com autorização da Justiça"? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, Internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.
- O que mudou nas periferias?
- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório... Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no "microondas"... Ha, ha... Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.
- Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas... O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, "Sobre a guerra". Não há perspectiva de êxito... Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas... A gente já tem até foguete antitanques... Se bobear, vão rolar uns Stingers aí... Pra acabar com a gente, só jogando bomba atómica nas favelas... Aliás, a gente acaba arranjando também "umazinha", daquelas bombas sujas mesmo... Já pensou? Ipanema radioactiva?
- Mas... não haveria solução?
- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a "normalidade". Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco... na boa... na moral... Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês... não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: "Lasciate ogni speranza voi che entrate!" -Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno. "
sexta-feira, abril 20, 2007
Il etáit une fois
Ontem nas escadinhas da Bica
O céu, a lua, quarto-crescente
E assim crescendo
Ficamos no amarelo eléctrico.
Tem Rua da Emenda?
E agora o que fazer?
Saborear o vento
O vento brando
Que me leva
Que me eleva aos olhos teus
E assim ficando
Fico em teus doces lábios…
João Mariano
O céu, a lua, quarto-crescente
E assim crescendo
Ficamos no amarelo eléctrico.
Tem Rua da Emenda?
E agora o que fazer?
Saborear o vento
O vento brando
Que me leva
Que me eleva aos olhos teus
E assim ficando
Fico em teus doces lábios…
João Mariano
Papeis de Guardanapo
Alexandre O’Neil
O poeta de “Um Adeus Português.
Mas nem tudo é poesia. Também há
pequenas prosas e até
letras para fados,
além da escrita para teatro, cinema e televisão.”
Vem e canta:
Delinquência
Álcool
Desemprego
Bomba faz dois feridos
Mãe e filha de 14 anos
Disputam o mesmo homem.
Depois toma um banho de mar.
Esqueceram as pequenas prosas e até
as letras para fados?
Ou
A récita a James Brown
“Todos os dias vou vê-lo
Abro o caixão e fecho-o.
Está tudo bem!”
João Mariano
O poeta de “Um Adeus Português.
Mas nem tudo é poesia. Também há
pequenas prosas e até
letras para fados,
além da escrita para teatro, cinema e televisão.”
Vem e canta:
Delinquência
Álcool
Desemprego
Bomba faz dois feridos
Mãe e filha de 14 anos
Disputam o mesmo homem.
Depois toma um banho de mar.
Esqueceram as pequenas prosas e até
as letras para fados?
Ou
A récita a James Brown
“Todos os dias vou vê-lo
Abro o caixão e fecho-o.
Está tudo bem!”
João Mariano
sexta-feira, abril 13, 2007
O que é o real
O que é o real?
- O real é aquilo que existe.
Uma cadeira é real?
- É.
E uma ideia como o amor ou o feio é real?
-Sim.
Mas uma cadeira é palpável e a ideia de amor ou feio não tem cheiro, não se vê. É real?
A ideia de cadeira é palpável?
- A ideia de amor ou o seu conceito existem, tal como uma cadeira existe.
A cadeira é um objecto concreto, mas o seu conceito é abstracto.
O amor é um objecto abstracto, porque não se vê, não se ouve, não tem cheiro, nem paladar. O conceito de amor também é abstacto. Aliás, todos os conceitos ou ideias são abstractas.
Em jeito de conclusão: o real é composto por objectos concretos e objectivos e por objectos abstractos e subjectivos.
- O real é aquilo que existe.
Uma cadeira é real?
- É.
E uma ideia como o amor ou o feio é real?
-Sim.
Mas uma cadeira é palpável e a ideia de amor ou feio não tem cheiro, não se vê. É real?
A ideia de cadeira é palpável?
- A ideia de amor ou o seu conceito existem, tal como uma cadeira existe.
A cadeira é um objecto concreto, mas o seu conceito é abstracto.
O amor é um objecto abstracto, porque não se vê, não se ouve, não tem cheiro, nem paladar. O conceito de amor também é abstacto. Aliás, todos os conceitos ou ideias são abstractas.
Em jeito de conclusão: o real é composto por objectos concretos e objectivos e por objectos abstractos e subjectivos.
Eis a hora
Eis a hora
de aguentar este barco
Eis o tempo
de pegar no astrolábio
e beijar o céu
Na partida
virá um vento que venta
e nesse vento
que assim irá ventar
novo porto cantará.
de aguentar este barco
Eis o tempo
de pegar no astrolábio
e beijar o céu
Na partida
virá um vento que venta
e nesse vento
que assim irá ventar
novo porto cantará.
Pensamento
I
Mulher com rabo grandeajeitando a cueca
Homem apaixonado
cheira cueca ajeitada?
Dito de outra forma:
que cheiro tem cueca ajeitada?
II
Tasquina
encontro de uma esquina
com uma tasca.
III
Mesa, televisão em máximo som
jogo, dominó, discussão...
IV
Três ou quatro cães
presos pela trela à porta da tasquina
Porque carga d'água
os cães estão presos à tasquina?
V
Tasquina
nome criado
palavra inventada
por aquele que vê
a esquina e a tasca pela primeira vez.
VI
O que faço aqui?
Metafísica
O que faz Deus em todo o lado?
Sentado numa mesa de café
deitado em um prostíbulo
no interior de um guarda-fato
acompanhando velhas e antigas beatas
num quadro de guerra e fome
evacuando numa casa-de-banho?
O que faz Deus entre Homem e Mulher quando se amam?
Deus não tem um lugar?
Uma praia?
Uma rocha?
Uma árvore?
Deus tirou curso de polícia?
ou está reformado?
ou continua descansando ao Domingo?
O que faz Deus em todo o lado?
Sentado numa mesa de café
deitado em um prostíbulo
no interior de um guarda-fato
acompanhando velhas e antigas beatas
num quadro de guerra e fome
evacuando numa casa-de-banho?
O que faz Deus entre Homem e Mulher quando se amam?
Deus não tem um lugar?
Uma praia?
Uma rocha?
Uma árvore?
Deus tirou curso de polícia?
ou está reformado?
ou continua descansando ao Domingo?
O que faz Deus em todo o lado?
Quando um homem não pensa
Trident cuida dos teus dentes
(reconhecida pela sociedade portuguesa de estomatologia e medicina dentária)
- Sem açúcar -
Ah! sim?
Honey lemon - liptus.
Kit kat - I'm a men.
Mars twix
canela e pedras salgadas.
- Diz-me o mar tem sal?
Tem twix, chocolaté
e 24 vezes 45 miligramas.
(reconhecida pela sociedade portuguesa de estomatologia e medicina dentária)
- Sem açúcar -
Ah! sim?
Honey lemon - liptus.
Kit kat - I'm a men.
Mars twix
canela e pedras salgadas.
- Diz-me o mar tem sal?
Tem twix, chocolaté
e 24 vezes 45 miligramas.
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Eurídice
Para Eurídice, prima irmã
Aniversário,
Dizem dos oitenta,
Número cardinal
Ou natural
Não tem ordem de série.
Pois bem,
A primeira e a mais delgada das cordas do violão
Ninfa
Pela qual Orpheu
Tocou sua lira
E os pássaros
Estáticos ficaram no céu
E o coqueiro curvou-se
Para apreciar sua beleza
Hoje é dia de festa
Que o corpo e o sangue de Cristo,
O operário,
Estejam presentes neste pão e neste copo de vinho
Eurídice chegou
Os portões abriram-se
E assim unidos
À nossa amada Eurídice
E assim permanecendo
E aguentando as batidas de furiosos ventos
Sejamos o som da lira de Orpheu.
Viva prima Eurídice!
João Mariano
Aniversário,
Dizem dos oitenta,
Número cardinal
Ou natural
Não tem ordem de série.
Pois bem,
A primeira e a mais delgada das cordas do violão
Ninfa
Pela qual Orpheu
Tocou sua lira
E os pássaros
Estáticos ficaram no céu
E o coqueiro curvou-se
Para apreciar sua beleza
Hoje é dia de festa
Que o corpo e o sangue de Cristo,
O operário,
Estejam presentes neste pão e neste copo de vinho
Eurídice chegou
Os portões abriram-se
E assim unidos
À nossa amada Eurídice
E assim permanecendo
E aguentando as batidas de furiosos ventos
Sejamos o som da lira de Orpheu.
Viva prima Eurídice!
João Mariano
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