quarta-feira, dezembro 12, 2012

Retorno


Posto o pensamento nela,
Porque a tudo o amor cativa,
Cantava e cantarei
Em louvação por ela.
Nisto andava eu
No meu desejo enganado,
Perguntando a quem passa:
- Vistes lá o meu amor?

Meus olhos no chão pregados,
Que, do chorar já cansados,
Algum descanso lhes dá.
Desta maneira
Suspendo de quando em vez
Minha dor

Pois seus olhos d’água,
Querem que a dor se abrande
Secando minhas lágrimas.

 

João Mariano

 

quarta-feira, novembro 21, 2012

Questão


“AS armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram.” – Lusíadas, Camões

Plágio Camoniano

Companheiras e companheiros lembram-se
das memórias gloriosas
daqueles que foram dilatando
as gordurosas terras viciosas
e emigraram pra outros mundos
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei económica libertando.


Cantando espalharei por toda parte,
Viva o engenho e arte!

A fama das vitórias que tiveram
Eu canto no peito aberto à ternura o ilustre Lusitano,
A quem Cavaco, Santana, Barroso e Passos obedecem
Cesse tudo: Merkel canta,


Outro valor mais alto se alevanta
Se tu te alevantas eu me ajoelho.
Foi de mim, que vosso rio
alegremente eleito nasceu
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo diferente
Por que de vossas águas

nasce nova fogueira

Dai-nos uma fúria grande e sonorosa,
E não tão agreste e ruda e belicosa,
Que o vosso gesto tenha a luz e a cor
Será que tão sublime preço cabe em verso?

Passos nascido da segurança
Da antiga liberdade,
E não menos do certíssimo caminho
Do enorme aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo amor da Merkel
lanças,
um Gaspar como se um Deus fosse,

que todo o mande,
Fatal na nossa idade.

Vós, tenro e novo ramo florecente
Perdendo cabelo, todavia,
De uma árvore de Cristo amada vindes

Pois, betinho sois
e tu já viste a cruz que o povo tomou
bebendo o licor do santo Rio?

João Mariano




 

quinta-feira, outubro 18, 2012

Obrigado senhores


Obrigado senhores

pelo desespero que ofereceis

pelas ruas vazias de esperança

pelos discursos bondosos

anunciando o aumento dos impostos

 

Obrigado senhor-dos-passos

por esta devoção em crucificar-nos

em colocar-nos neste calvário

pela vontade de ajudar a austeridade

pelas noites em rectilínio pensamento

procurando transparentes soluções

em nossos corações

 

Obrigado senhores

pois vós sois

a nossa subtil consciência

pelo voto na urna depositado

depois venham ungir o nosso corpo

com óleo e ervas aromáticas

antes que encontrem o túmulo vazio

Aleluia!

 
João Mariano

terça-feira, julho 17, 2012

Fluxo

Fluxo
mar interno entre as mornas cochas
no secreto momento
em que sentimos o movimento
da maré enchente

Renova o fluxo
desagua dentro de ti
Plexus!

Pedrobala

terça-feira, abril 10, 2012

Ontem um índio tocou

Ontem um índio tocou
nas flautas tinha  as rosas
dos teus lábios

O sóbrio Convento não sabia
o que fazer com as riquezas ameríndias

Foi entre uma fumaça e um café
uma moeda caiu
no chapéu
do velho índio

O ardente Febo encantado brilhou
o rei sol
na estátua petrificada ficou
no Convento, seu solar, a sua avenida
imaginada ao encontro do mar,
na flauta do índio ela apareceu
deu-me a sua mão
matamos a besta
o ardente Febo adormeceu
e entre nós o ouro surgiu

João Mariano

quarta-feira, março 21, 2012

O vrummmmmm das fábricas que não existe

O vrummmmmm das fábricas que não existe
os motores que não roncam, porque nada produzem

O ui,ui,ai,ai que paira no ar
nas algibeiras vazias
do terceiro estado
desta nação trespassada, arrendada ou vendida?

O toque-toque que se ouve nas portas e nos passos
daqueles que pedindo auxílio
perderam uma construção destinada a habitação
indo à procura de uma cova com fundo

O penhor e a penhora
dos anéis que não têm dedos
este vrummmmmmmmmmm dos aviões
dos comboios e dos autocarros
levando desterrados para terra-longe
porque aqueles que estão nos negócios públicos
assim o dizem, assim o aconselham…

Vrummmmmmmmmm
Ui, ai, ui, ai
Vrummmmmmmmmm…

Não vou por aí, fico por aqui!

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Amor és a razão da minha existência

Amor és a razão da minha existência
Leva-me para terra-longe
Hoje, no sopé do vulcão,
esta força que torna a terra fértil,
imaginei a árida grandeza
das nossas gentes!

terça-feira, janeiro 10, 2012

Corpo desprendido

Amor plural e único.
Concentração dos ventos dispersos.
Uníssono é o sorriso e o sussurro.
Somos um.
Em homenagem a Gabriel, Patriarca e Pai
 
 
Passado o longo mar da tua teimosia
Teu é o porto grande.
Ao fim de àrdua luta partilhada
de luas, de eclipses e viragens
tua é a vitória.

Pois que combateste o bom combate
repousa com orgulho a tua espada,
colhe a vela do teu contentamento,
abraça o teu pilão, agarra a tua enxada
e cria novos sonhos de Futuro.
 
João Mariano