dom salvador (I)
Ainda a madrugada riscava o céu
quando D. salvador
envolto por denso nevoeiro sebastiânico
chegou.
Acredita ser cavaleiro andante
mas não transporta em si
os sonhos de lutar contra moinhos de vento e gigantes
não tem uma Dulcineia,
uma musa, uma inspiração
na escalada de montanhas
na travessia de desertos
ou no cruzar dos mares.
Sem calor e sem amor
vive na escuridão
rasga o vento e o tempo
com pesadelos e delírios
perde o juízo
entende ser o salvador
da república verbal
herdeiro da caixa de Pandora.
Sem moral e sem pudor
nesta intensa verborreia
despreza a memória de seu pai
e corrói o cordão umbilical.
Eis a antítese de D. Quixote!
D. salvador de tez pálida
tronco curvado
falando rispidamente
ou de sorriso sem nexo
ou chorando a vida
perdida que não soube viver
inferno do qual não se liberta
revelando a intolerância dos falsos profetas.
Como águia devoradora do imortal e regenerador fígado
o seu tormento prolonga-se.
Quem o salvará? Sabará?
dom salvador (II)
D. salvador regressou novamente
Novamente regressou a tragédia em pessoa
Trouxe com ele a grande inércia
Palmas para D. salvador
Palmas pela sua pestilenta contribuição
Palmas pela sua repugnante forma
em causar desgraça à vida alheia
O público que fique de pé
Aplauda copiosamente e com ânimo
aquele que, com soberba ridícula
vocifera do fundo da sua cova:
Eu construí! Eu destruí!
Que a Lua se apague
Que as Estrelas se escondam
Excepto o Sol
O grande astro
Iluminará o umbigo de D. salvador
O magnata obsessivo-paranóico da demolição.
Palmas, D. salvador regressou novamente!
quinta-feira, agosto 19, 2010
quarta-feira, agosto 04, 2010
Cinza + eiro
Para o meu querido cinzeiro
Neste final do mês de Julho
solarengo e quente
encontrei um cinzeiro
Não tinha beatas
Nem cinzas
Não tinha, elegantemente,
um cigarro acesso na sua ourela.
Continha só e apenas
uma chave, agrafos
e alguns pedaços de papel em branco!
O meu peito de espanto se apartou
de tão vil uso
porque neste covil
Meu cinzeiro não viverá.
João Mariano
Neste final do mês de Julho
solarengo e quente
encontrei um cinzeiro
Não tinha beatas
Nem cinzas
Não tinha, elegantemente,
um cigarro acesso na sua ourela.
Continha só e apenas
uma chave, agrafos
e alguns pedaços de papel em branco!
O meu peito de espanto se apartou
de tão vil uso
porque neste covil
Meu cinzeiro não viverá.
João Mariano
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