Hoje é dia de aniversário
do teu aniversário, meu pai
dia em que se completam os teus 83 anos
Todavia, a tua ausência
faz-se sentir nesta Terra-Longe.
Veio-me à memória,
no tempo que era menino,
o dia em que viajaste para a Ilha Brava
e pensando quis,
furar o retrato em que encaras
o mundo com um semblante circunspecto,
para contigo poder permanecer.
Hoje,
não vou perfurar o retrato
porque no tempo em que estamos
contemplo esta medida arbitrária da duração das coisas
este processo de produção de imagens através da fixação da luz:
olhando para ti
para a tua imagem reproduzida pela fotografia
sinto radiosamente o teu olhar luminoso.
Meu pai
Hoje
Não tem presente, não
Hoje tem a tua recordação
Como se presente estivesses.
18 de Maio de 2011
João Mariano
quarta-feira, maio 25, 2011
sexta-feira, maio 13, 2011
Crache
Tenho a cabeça a estourar
e de tanto zumbir
que o peito apertando com tanta gravidade
que mais parece estrela de neutrões
Nada mais faz sentido
tenho dificuldade em caminharas pernas não executam a ordem
não querem obedecer
porque nada há a cumprir
Sem agrado nesta rotina que me prende
arrasto-me dentro de mime nesta náusea que eu próprio criei
sufocando me vou afundando
Onde está a luz
que me encanta e ilumina?Anseio por ela…
Padeço por ela…Suplicando te peço:
tira-me deste sono com o teu sorrisoe na matinal manhã com o teu jeito
levemente passa a tua mão quente
sobre o meu peito.
Onde está a luz
que me encanta e ilumina?Anseio por ela…
Padeço por ela…Queluz, 13 de Maio de 2011
João Mariano
segunda-feira, maio 09, 2011
Uma andorinha na primavera
Uma andorinha na primavera
um bando delas no meu quintal
um voo a pique descendo o penhasco
A nuvem escura pairando no céu
escondendo o Sol, anunciando tempestade
rajadas furiosas batendo na parede branca
a árvore com as raízes de fora da terra
revelando a morte anunciada
Uma andorinha na primavera
um bando delas no meu quintal
um voo a pique descendo o penhasco
O cansaço da rotina
o desespero da velocidade do tempo
o choque eléctrico provocado
pelo ribombar dos trovões
um voo a pique descendo o penhasco
nesta estiagem em que o vento frio
trespassa a fresta da janela
penetrando como pequena peça metálica
nas mãos de soldados indisciplinados
um voo a pique descendo o penhasco
um bando delas no meu quintal
um voo a pique descendo o penhasco
A nuvem escura pairando no céu
escondendo o Sol, anunciando tempestade
rajadas furiosas batendo na parede branca
a árvore com as raízes de fora da terra
revelando a morte anunciada
Uma andorinha na primavera
um bando delas no meu quintal
um voo a pique descendo o penhasco
o desespero da velocidade do tempo
o choque eléctrico provocado
pelo ribombar dos trovões
Uma andorinha na primavera
um bando delas no meu quintalum voo a pique descendo o penhasco
O berço às avessas
e a rua estreita que termina em beconesta estiagem em que o vento frio
trespassa a fresta da janela
penetrando como pequena peça metálica
nas mãos de soldados indisciplinados
Uma andorinha na primavera
um bando delas no meu quintalum voo a pique descendo o penhasco
Pedrobala
quinta-feira, maio 05, 2011
Máquina Ácida
Vem ter comigo sou a máquina ácida
desiste dos campos em flor
desmembra-te dos rios, cujas margens os afrotam
renuncia ao teu aspecto natural
a velha máquina que cheira a óleo
a petróleo e a gasolina
na certeza que teus passos imundos
caminharão por linhas rectas
e ângulos agudos sem máculas
nesta cavidade
nunca terás dúvidas, nem receios
passarás a ser dúctil e maleável
porque a tua vida será um número binário
a velha máquina que cheira a óleo
a petróleo e a gasolina…
Pedrobala
desiste dos campos em flor
desmembra-te dos rios, cujas margens os afrotam
renuncia ao teu aspecto natural
Vem, fica comigo
sou a máquina com artifíciosa velha máquina que cheira a óleo
a petróleo e a gasolina
Regressa filho pródigo
aos meus braços de ferro e açona certeza que teus passos imundos
caminharão por linhas rectas
e ângulos agudos sem máculas
Regressa meu louco perdulário
ao meu ventre de fios de cobrenesta cavidade
nunca terás dúvidas, nem receios
passarás a ser dúctil e maleável
porque a tua vida será um número binário
Vem, fica comigo
sou a máquina com artifíciosa velha máquina que cheira a óleo
a petróleo e a gasolina…
Pedrobala
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