Perto da minha casa existe um riacho. Não sei o seu nome. O riacho perto
da minha casa vai ao encontro do rio Jamor e o rio Jamor corre para chegar a um
rio muito grande chamado Tejo. Vocês sabem o que é um afluente? É um rio que se
vai juntar a outro rio.
Como não sei o nome do riacho, vou chamá-lo Riacho-Sem-Nome. Aqui há
tempos um vizinho contou-me, na época ele era criança, que tomava banho,
pescava e brincava com outros meninos no Riacho-Sem-Nome. Depois iam beber
leite fresquinho fornecido por umas vacas que por ali pastavam.
Conto-vos este pequeno relato, porque quando conheci o Riacho-Sem-Nome,
ele parecia um esgoto, toda a gente deitava lixo para as suas águas e as fábricas
poluíam o Riacho-Sem-Nome, contaminando-o, matando os peixes. Aqui entre nós,
as águas não se poluem sozinhas. O meu vizinho e os outros meninos nunca mais
foram brincar com o Riacho-Sem-Nome. Ele tornou-se um riacho muito triste e
sombrio.
Certo dia, as mesmas pessoas, que sujaram e estragaram o Riacho-Sem-Nome,
resolveram limpá-lo e deixaram de poluir as suas águas. Por isso, todos os anos,
começaram a aparecer uns patos de nome Pato real.
O Riacho-Sem-Nome ficou mesmo feliz e contente, porque os patos ao verem
as águas limpinhas, durante os meses de Março e Junho, isto é, na primavera, resolveram
construir as suas casinhas nas suas margens. Nesses
meses, os patos e as patas começam a namorar e acasalam. As mães patas vão para
os seus ninhos e põe os ovos. Depois é vê-las a passear os seus filhinhos, os
patinhos, entre as rochas, debicando aqui, mergulhando ali, com as cabecinhas
dentro de água, procurando pequenas plantas e pequenos sapos.
Os patos machos têm uma cabeça verde e um anel
branco no pescoço, as costas, são cinzentas e o peito de um tom
castanho-escuro. Estas cores tornam-se mais fortes quando é o período de
acasalamento, ficam ainda mais bonitos, para chamar a atenção de uma pata e
conquistar o seu coração. As fêmeas têm um corpo de tom castanho claro e
geralmente são mais pequenas que os machos.
Todas as noites, quando as suas águas correm por entre as pedras e as árvores,
o Riacho-Sem-Nome murmura uma musiquinha. Hoje, deixou de ser triste e sombrio,
por isso, passei a chamá-lo de Riacho-Sem-Nome em homenagem a todas as águas, riachos,
rios e mares, que neste momento, estão tristes e sozinhos.
João Mariano
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